quinta-feira, 30 de abril de 2009

Julgabestamento

E assim se cumpriu a tradição, com o Julgabestamento a ser uma vez mais realizado ao luar da noite conimbricense no boémio Blocus D.
Na praxe académica, no mítico ritual em que meras bestas se tornam Homens, aspirantes Doutores de futuro sexual risonho, este é a a Iniciação do verdadeiro estudante.

Este ano, teremos que ser sinceros ao afirmar que a tradição ficou algo aquém das décadas anteriores.
Houve muita algazarra, imensa confusão e pouco discernimento, mas são tempos de mudança estes os que vivemos, pelo que esta não é uma crítica depreciativa, antes, uma forma honesta dos moradores desta digna Casa perceberem como poderão estes eventos correr na perfeição no futuro.

Esta não é uma festa dos Doutores, mas sim uma festa dos caloiros.
O último passo na sua integração na vida infâme e boémia de Coimbra.
Os Doutores, ex-residentes e convidados incluídos, devem perceber que mais do que o seu mero gozo, este é um ritual cerimonioso que deve respeitar determinados passos.

O percurso das tasquinhas à tarde é feito sempre a cargo dos Doutores, não pagando os caloirus nada, como sempre se tem verificado.

Advocatus de acusação, defesa, e Juiz, personagens estas de máximo valor, são-no consoante os réus a julgar, e devem cumprir o seu papel com dignidade e bom senso, sempre cuspindo sobre a besta, mas de forma ordenada, para que todos tenham a oportunidade de proferir as suas acusações, e não se sobreporem uns aos outros a gritarem mais alto só porque estão bêbados e querem falar constantemente.

O banco invertido é o banco do réu, e sobre ele a besta tem obrigatoriamente de se sentar, colocando os Cornos na cabeça e sempre com o olhar fixado no chão.

As caveiradas não são uma mera forma dos Doutores embebedarem as bestas como castigo dos seus pecados, antes, uma forma de os "castigar" mas igualmente de celebrararem o Hino da Casa com este precioso nectar de Baco, algo que raramente se verificou este ano.

A Tesoura, é um elemento praxístico a par dos restantes, mas o seu uso está constantemente a ser ameaçado. É no entanto a mera ameaça, e não o seu uso efectivo, estando sempre ao pé do cabelo da besta e a ser sempre simulado o corte, mas sem nunca cortar efectivamente.
Por isso, quem pegue na Tesoura deve-o fazer de forma consciente, não fazendo aos outros aquilo pelo qual não passou, não cortando o cabelo por mero gozo e muito menos pondo em causa a segurança das bestas.
Os caloirus não devem no entanto evitar o seu castigo, mexendo a cabeça para evitar o corte.
Se o fizerem, é obrigação dos Doutores imobilizarem-no, até porque põe a em causa a sua propria segurança.
Termina-se com um mero corte simbólico (este sim unico e verdadeiro corte), mas nada mais do que isso, um corte simbólico e indiferenciável do restante cabelo.
Será somente um corte mais agressivo e raso se a besta o merecer, por constante desrespeito ao longo do ano ou no julgabestamento para com os doutores. Aqui sim, pune-se qualquer atitude infantil ou desafiadora que desrespeite a Praxe Académica.
Não se trata de uma obediência, mas sim de uma respeitabilidade a ser cumprida.

O tradicional Uivar à Lua, é como o nome indica um uivar, característico dos Lobos, e não um vulgar urrar como fazem os ogres. Enquanto não houver uivos não deve haver piedade, mas aqui cabe aos Doutores fazer passar esta mensagem aos caloirus, advertindo-o das consequências ainda antes de os levarem a mirar a lua.

A Benção, sob a digna Água da Casa, deve ser feita com o tronco superior sobressaído da janela, mas sempre em segurança e agarrado por quem esteja em condições de o fazer.

Lembre-se que estas não são regras positivadas ou obrigações inerentes, mas sim uma actuação tradicional que se tem verificado ano após ano durante três décadas, pelo que o seu cumprimento efectivo respeita a Honra da Casa e dos Fundadores da mesma, e apenas por mero circunstancialismo.
Alguns aspectos foram efectivamente cumpridos, outros parcialmente esquecidos. É por isso obrigação moral dos futuros moradores cumprirem a tradição, e estes pequenos pormenores, pois são aqueles que sempre tornaram único o nosso julgabestamento nas centenas de caloiros que ali tiveram a honra de ser iniciados e que nos distingue dos demais grupos de bêbados que se aproveitam da praxe e de um suposto julgamento para se divertirem.

São vós o futuro do Blocus D, são vós agora que cumprem o seu espírito e tradição.
Meus caros, a água é boa, a água é boa... mas o Vinho, puta que o pariu!

2 comentários:

01 disse...

Não me parece o local para se fazer criticas ao julgamento, este deveria ser o local onde neste momenteo estariam fotos e deveria ser o espelho da celebração que se realiza todos os anos na nossa gloriosa casa. É lógico que houve falhas, mas estamos num tempo de mudança e cada geração deixa a sua marca e a sua tradição dentro das condições que lhes são apresentadas, devemos pegar naquilo que fizemos e tentar sempre melhor dentro das nossas humildes condições. Não tenhamos ilusões, atravessamos um periodo dificil de mudança a qual ainda nao nos habituamos. Não nos podemos esquecer que as pessoas mudam e não podemos exigir que as pessoas que actualmente fazem parte da casa sejam iguais as do passado, de referir que a responsabilidade do julgamento ficou a cargo de quem antes nunca tinha julgado, mas deixo tambem aminha critica para aqueles que quisearam apenas estragar o festa que não e sua, sendo este um dia em que pelo menos ate ao jukgamente devemos estar em condiçoes minimas para que as nossas nestas tenham uma historia bonita para contar no futuro

X-Cot disse...

oi Cristas,mais do que ninguém percebo a tua desilusão em relação ao que se passou no nosso estimado bloco na ultima festa de julgamento. sei que mudam os tempos mudam as vontades... devemos ser nós, os que já saíram dessa douta casa a criticar? ou devemos ser indulgentes em relação aos que lá estão? Não tenho respostas para estas questões... sei que deve existir serenidade, e todos nós, os que passaram por lá, como eu, e os que ainda usufruem da felicidade de viverem no magnificus blocus D, devemos fazer uma reflexão séria sobre todas as situações que ultimamente lá se passaram. Dissem-me, o jantar de ex-residentes já n é o que era... o julgabestamento já n é o que era... jantares?! N existem! N sei o que se passa no bloco... De longe só poderei reflectir sobre todos esses problemas e tentar ajudar naquilo que os actuais residentes me pedirem. lamento não poder fazer nada... nem te vou criticar por teres feito a descrição do julgamento no blog... sei que o fizeste de uma forma consciente... cada um utiliza as armas que tem em seu poder para lutar pelas suas convicções!
Abraço ao pessoal inesquecivel do magnificus Blocus D
X-Cot

P.S.- Já agora deixo uma ideia em forma de pergunta- Por que não criar-se uma associação de actuais e ex residentes do Blocus D?